Cada tonelada produzida representa 850 quilos de resíduos a menos nas ruas e lixões
Por Fabiana Ortega Vasconcelos
Ninguém mais questiona. Sustentabilidade é a palavra de ordem do mercado. Uma das mais poderosas armas de marketing das empresas, ela dita mudanças de comportamento, revisão dos processos produtivos, valoriza marcas e abre novas possibilidades de negócios.
A Vitopel, terceira maior produtora mundial de filmes flexíveis, viu nessa preocupação planetária uma possibilidade de desenvolver um produto inovador e perfeito no apelo ecológico: o Vitopaper®. Feito a partir da reciclagem de embalagens plásticas de todo tipo, como rótulos e sacolas plásticas, entre outros resíduos sólidos de plástico, o papel sintético se impõe como matéria-prima interessante, especialmente se a proposta é vincular a imagem à sustentabilidade.
"Desenvolvido após dois anos de pesquisa, o Vitopaper® é um papel sintético resultante da reciclagem de diferentes tipos de plásticos, coletados após o consumo", afirma José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Vitopel. Segundo ele, para produzir cada tonelada de Vitopaper®, são retirados das ruas e dos lixões aproximadamente 850 quilos de resíduos plásticos.
"O material possui alta qualidade, textura agradável ao toque, além de ser extremamente resistente e mais de 90% reciclável. Ele tem a vantagem de não rasgar e não molhar, e permite também a impressão pelos processos gráficos editoriais usuais, absorvendo, com isso menos tinta e gerando uma economia de cerca de 20% em relação a outros materiais", destaca Coelho.
Com tecnologia brasileira e patenteada pela Vitopel, o papel sintético pode ser utilizado para a impressão de livros técnicos e científicos, livros didáticos, de arte, material corporativo institucional, peças para o mercado promocional e de comunicação visual. Para o fabricante, as características de durabilidade e reciclabilidade desse papel são diferenciais importantes para produtos do mercado da comunicação, assim como, também, de colaboração com o meio ambiente.
"O Vitopaper® fecha um ciclo importante para os plásticos, dando uma destinação nobre aos resíduos que iriam parar em lixões", ressalta o presidente da Vitopel, que trabalha com matéria-prima vinda de projetos de logística reversa, aproveitando o descarte de material gerado pelos próprios clientes.
A resposta do mercado
A procura por um papel resistente ao rasgo e à água, que pudesse proporcionar maior durabilidade, levou a VSP Papéis Especiais a comercializar o Vitopaper®. Isso já faz dois anos. E como os clientes aprovaram o produto e a procura começou a aumentar, a VSP tornou-se também a pioneira na distribuição do material. De acordo com Márcia Lima, responsável pelo marketing da VSP, a procura pelo material tem aumentado cada vez mais e, consequentemente, as vendas, pelas vantagens que possui.
A maior procura pelo papel sintético na empresa vem do setor gráfico. "Outro segmento que tem mostrado bastante interesse é o gastronômico, que busca por um papel mais resistente para a produção de cardápios", conta. A gerente de marketing acredita que a comercialização deste tipo de produto é uma tendência. "O papel sintético é uma nova alternativa para clientes ávidos por maior durabilidade.
E como a responsabilidade social tem sido uma vertente em constante crescimento em todos os mercados, o volume de papéis reciclados também cresceu. Os clientes vêm assumindo a causa e cobram novas ações das empresas em prol do meio ambiente. O Vitopaper® tem tudo a ver com a questão da sustentabilidade e do uso responsável", aponta.
Além de manter o estoque para a pronta entrega, a empresa, que vende, em média, 10 toneladas de Vitopaper® por ano, também comercializa o produto em folhas avulsas e fornece pacotes formatados de acordo com as necessidades específicas de seus clientes. "Se comparado ao papel couché, o sintético é mais caro. Já se for comparado com um metalizado, ele é mais barato. Vale lembrar que quanto maior o volume de compra, melhor o custo do papel", explica Márcia Lima, da VSP.
Clientes da Gráfica Aquarela, localizada em Barueri (SP), já têm solicitado impressões de materiais promocionais, revistas, cartazes, fôlders e até de livros em papel sintético. "Dependendo da viabilidade de cada projeto, oferecemos aos nossos clientes esse tipo de papel, visando um retorno positivo por parte deles e também de seus clientes", afirma Paulo Marangoni, executivo de operações da Gráfica Aquarela, que há um ano adquire o papel sintético da Vitopel. Capaz de aliar qualidade, vantagens e diferenciação no processo de imp
ressão, o papel sintético tem sido um material de aposta. "Acreditamos que o produto será cada vez mais solicitado à medida que as empresas forem tomando conhecimento de sua existência, que é relativamente recente no mercado. Depende, apenas, da viabilidade de utilização deste suporte", ressalta.
Apelo ecológico
O conceito dessa matéria-prima fez com que o Instituto de Embalagens tomasse a iniciativa de produzir publicações com o papel sintético. Em 2010, foram produzidos 30 mil kits de educação ambiental. Destinado ao público infantil, entre 8 e 10 anos, contém uma cartilha com 64 páginas feitas de papel sintético, que explica como são fabricadas as embalagens, seu consumo consciente, a reciclagem, entre outras informações.
"A utilização desse material faz com que haja uma valorização da cadeia de reciclagem. Um outro sentido é que, além de ser reciclado, ele é impermeável. Assim, muitas crianças podem utilizar, mesmo se estiverem com as mãos sujas ou molhadas, que o livro não ficará estragado", afirma Assunta Napolitano Camilo, diretora do Instituto de Embalagens.
Dos 30 mil conjuntos produzidos, 20 mil já foram doados às Salas Verdes do Ministério do Meio Ambiente, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e do projeto Municípios Verdes, além de escolas, patrocinadores e apoiadores que distribuíram às prefeituras e indústrias.
O restante do material pode ser encontrado no site da empresa para venda. "A aceitação foi ótima e de grande repercussão, pois os livros duram mais, têm boa qualidade de impressão e, principalmente, pelo fato de a publicação poder ser utilizada e repassada para outras crianças", destaca.
O Instituto lançará também uma segunda edição do mesmo conjunto de publicações, além de edições especiais customizadas especialmente para governos e empresas. "O papel sintético oferece uma grande oportunidade de incentivo à reciclagem de um material que tinha como destino anterior galerias, rios ou aterros", conclui Assunta.
Circuito aventura
Também está em circulação no mercado um roteiro de viagens impresso em papel sintético. Trata-se do livro Para onde nós vamos? Os roteiros de viagem da Família Müller. A publicação traz 17 roteiros, nacionais e internacionais, ilustrados e comentados - um relato das aventuras do casal Luciana e Ronny e do filho Matheus em viagens realizadas ao longo dos últimos dez anos.
"Pesquisamos muito para encontrar um material diferente do convencional para a confecção do nosso livro. Quando pensamos em publicá-lo, procuramos unir cultura e sustentabilidade. A princípio, utilizaríamos o papel reciclado, mas, ao conhecermos o papel sintético, não tivemos dúvidas de que seria a melhor opção", aponta Ronny Müller.
O livro, de 256 páginas, lançado em 2009, com texto, fotos, edição e publicação feitos pela família, tem um resultado diferenciado, oferecido pelo papel sintético. "É um produto agradável ao toque, extremamente resistente e impermeável, não rasga e, o mais importante, pode ser reciclado novamente.
Nesse contexto, tem tudo a ver com a nossa proposta de alinhar sustentabilidade, ecoturismo e aventura em família", aponta. Para ele, as pessoas ainda não têm consciência da necessidade da reciclagem. "Nossa principal intenção com a publicação do livro foi exatamente a de 'chamada' para a preservação ambiental por meio da reciclagem e reutilização do plástico.
Fonte:NEGÓCIOS da comunicação. Disponível em:. Acesso em:04 ago.2016.
No momento em que os leitores tocam as páginas, leem as matérias, há o despertar pela preservação. O livro impresso no papel sintético veio para coroar o nosso trabalho", resume Müller